Pioneira no rádio e na divulgação científica no Brasil, a Rádio Sociedade é, hoje, a Rádio MEC, pertencente à Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Thiago Regotto. "É acervo da EBC que vai estar lá exposto", destacou à Agência Brasil o gerente executivo da emissora, Thiago Regotto. "A gente conta que a Rádio MEC está fazendo 100 anos. Foram 13 anos como Rádio Sociedade e 87 como Rádio MEC. Então, o calendário é de 100 anos da Rádio MEC, pegando a origem como Rádio Sociedade", explicou.
A exposição é uma iniciativa da Rádio MEC, em parceria com a Casa de Oswaldo Cruz, da Fundação Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), o Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT), e a empresa Folguedo. A iniciativa tem apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).A pesquisadora da COC/Fiocruz, Luisa Massarani, coordenadora do INCT-CPCT e curadora da exposição ao lado de Ildeu de Castro Moreira, da UFRJ, informou à Agência Brasil que a Rádio Sociedade funcionou até 1936, quando foi doada ao então Ministério da Educação e Saúde. Dessa doação, foi criada, naquele mesmo ano, a Rádio MEC.
A Casa de Oswaldo Cruz é a responsável pela organização do acervo da Rádio Sociedade, junto com a Rádio MEC. Luisa ressaltou que a Rádio Sociedade tem grande valor para a história da rádio, tendo sido criada apenas três anos após a primeira rádio do mundo. A emissora tem valor também para a história da ciência e da divulgação científica, uma vez que foi fundada por cientistas e intelectuais no escopo da Academia Brasileira de Ciências (ABC). Segundo a pesquisadora, apesar disso, seu acervo esteve à deriva por várias décadas, com muita perda de documentos, fotos e, principalmente, material sonoro.
"No final dos anos 1990, soubemos que tinha sido localizado [o acervo] e tentamos ter acesso a ele. Mas não conseguimos. Finalmente, no início dos anos 2000, quando realizávamos uma exposição sobre Edgard Roquette-Pinto, conseguimos ter acesso a vários de seus documentos. Para evitar novas perdas, a Casa de Oswaldo Cruz propôs à Rádio MEC uma parceria em que buscamos recursos junto à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro [Faperj] para organizar e digitalizar o acervo. O acervo físico permaneceu na Rádio MEC, mas foi também integralmente colocado em um site para garantir sua preservação e o acesso gratuito por parte da sociedade."
Pode-se dizer que a Rádio Sociedade foi o berço da rádio educativa no país, de acordo com Luisa Massarani. Ela reiterou a importância da emissora para a história do rádio, da ciência e da divulgação científica. "Na verdade, a década de 1920 foi particularmente efervescente na área da divulgação científica. O rádio, na ocasião, era a grande novidade tecnológica da época e transformou nossas vidas tanto como a internet mais recentemente."
A mostra traz imagens e objetos históricos, oferecendo ao público a oportunidade de fazer uma viagem pela história da Rádio Sociedade, com atividades educativas e interativas. Além de vídeos e áudios, haverá um estúdio para as crianças fazerem criações radiofônicas, informou o gerente executivo da Rádio MEC.
A exposição está dividida em módulos que vão abordar diversos aspectos da criação e da trajetória da emissora, incluindo sua programação. São eles: No Ar, a Pioneira Rádio Sociedade; Por dentro da Rádio; Com a Palavra, o Público!; Programa Quarto de Hora Infantil; Pelas Ondas da Rádio Sociedade; O Fim da Rádio Sociedade?; Rádio MEC; e Estúdio.
Luisa Massarani informou que, com o objetivo de se aproximar da população, a emissora tinha uma programação variada que incluía, além de música clássica e popular, programas para o público infantil, palestras, e cursos sobre inglês, francês, história do Brasil, literatura portuguesa, radiotelefonia e telegrafia, entre outros.
Um dos destaques do módulo Pelas Ondas da Rádio Sociedade é a visita do cientista alemão Albert Einstein ao Rio de Janeiro, dois anos após a criação da Rádio Sociedade, em 1925. Ao conhecer a sede da emissora, Einstein disse, empolgado: "Não posso deixar de, mais uma vez, admirar os esplêndidos resultados a que chegou à ciência aliada à técnica". O discurso de Einstein foi traduzido pelo químico Mario Saraiva.
A exposição tem recursos de acessibilidade para pessoas surdas ou que não enxergam, como audiodescrição e caderno em Braile. Os painéis e vídeos serão acessíveis por meio de Libras, sendo possível agendar visitas mediadas para pessoas com deficiência visual no endereço [email protected].
A Casa da Ciência da UFRJ está localizada na Rua Lauro Müller, 3, em Botafogo, zona sul da capital. A mostra pode ser visitada de terça-feira a sábado, das 9h às 20h, e aos domingos e feriados, das 10h às 16h.
Fonte: Agência Brasil