Campo grande News
Considerado para muitos como o "enterro dos ossos", a realização do Carnaval Cultural de Corumbá fora de época, neste sábado, faz parte de um movimento iniciado há 20 anos para resgatar as antigas manifestações carnavalescas da região, que se confundem com suas origens nos grandes centros, como Rio de Janeiro, nos primórdios do século XX. Corumbá e Ladário, fundadas em 1778, protagonizaram o período de romantismo e glamour dos velhos carnavais, com a chegada dos cariocas para ingressar no distrito naval da Marinha, e o evento deste sábado relembra as brincadeiras, a pureza, as bandinhas de sopro e muita serpentina e conferes, com o desfile das alas de pastorinhas, dos marinheiros e do frevo. Criado pela ativista cultural Heloísa Urt (faleceu em 2021), o Carnaval Cultural encerra a folia em Corumbá, realizado sempre na terça-feira. Este ano, devido à chuva que caiu na cidade no domingo de carnaval, o segundo dia do desfile das escolas de samba foi transferido para o dia 3. Assim, o evento cultural foi prejudicado e adiado para este sábado, já sem o clima da festa. A manutenção do Carnaval Cultural, no entanto, é um ganho para a memória momesca local, que já perdeu um evento paralelo de grande expressão, a exposição de fotografias dos carnavais do passado, não mais realizado pela prefeitura. A mostra registrava a primeira escola de samba, fundada em 1946, e os bailes dos clubes sociais. Cordões, corso, pastoras... Corumbá é uma das poucas cidades ainda a preservar os cordões carnavalescos, que surgiram no Basil no final do século XIX. A forma de expressão do carnaval ganhou esse nome porque os foliões saiam em filas pelas ruas com seus estandartes, ao som das bandas de sopro. Muito populares até a década de 1960, foram substituídos nos grandes centros pelas escolas de samba. Os cordões corumbaenses, alguns fundados há mais de 70 anos, são a principal atração do Carnaval Cultural - e este ano receberam apoio financeiro governamental. São eles: Pingo de Ouro, Cravo Vermelho, Cinelândia, Flor de Corumbá e Paraíso dos Foliões. O evento será aberto pela Corte de Momo, às 19h30, na Praça Jardim da Independência, seguido do corso, uma brincadeira onde os foliões desfilam em carros abertos e ornamentados pelas ruas e jogam confetes e serpentinas nos ocupantes dos outros veículos ou em quem assiste. Em Corumbá, predominam os fuscas, mas, antigamente, eram carros de luxo. A programação inclui a presença dos bonecos gigantes, símbolos do carnaval de Olinda (PE), e apresentação da ala das pastoras e do bloco de frevo coordenado pela Oficina de Dança da cidade. Uma noite que proporciona aos corumbaenses e turistas uma volta a um passado ainda preservado pelas comunidades locais.