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Após salvar cavalo de telhado, veterinário ensina como fazer resgate no Pantanal

Após salvar um cavalo caramelo do telhado de um estábulo durante as enchentes no Rio Grande do Sul, em abril, o médico veterinário Leonardo Maggio de Castro veio a Campo Grande nesta terça-feira (17) para ensinar como fazer o resgate do animal em situações semelhantes, ou seja, de perigo extremo em Mato Grosso do Sul.


Após salvar um cavalo caramelo do telhado de um estábulo durante as enchentes no Rio Grande do Sul, em abril, o médico veterinário Leonardo Maggio de Castro veio a Campo Grande nesta terça-feira (17) para ensinar como fazer o resgate do animal em situações semelhantes, ou seja, de perigo extremo em Mato Grosso do Sul. O ensinamento também se aplica às áreas alagadas do Pantanal. O animal ficou quatro dias ilhado, virou símbolo de conscientização sobre catástrofes ambientais e acendeu um alerta sobre o risco de vida que os animais também correm enquanto desastres acontecem. Para salvar o bicho, Leonardo explica que foi necessário uma série de iniciativas que podem ser aplicadas em outros cenários. Ele palestrou exclusivamente sobre os equinos na Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul). "É uma temática que é nova aqui no Brasil chamada de resgate técnico de grandes animais. É um serviço profissional especializado para poder fazer o salvamento de cavalo e boi, basicamente, mas também de outras espécies maiores sem que você traga lesões ao animal, para que ele tenha uma boa condição após o resgate e, sobretudo, com as pessoas em segurança. A finalidade da palestra hoje é mostrar as mais variadas situações em que o resgate técnico se emprega". Ao Campo Grande News , o veterinário ressalta que o resgate técnico tem diversas áreas de atuação, dentre elas água, fogo, altura, espaço confinado e vias públicas. Portanto, a maneira de chegar ao animal vai depender de inúmeros fatores externos, que embora simples, fazem toda diferença. Primeiro é preciso a localização geográfica e análise do entorno, ou seja, como o animal está, onde e se há pessoas próximas. Depois, uma cooperação entre Corpo de Bombeiros e médicos veterinários. Após a etapa inicial vem o desafio de pensar nas alternativas para o deslocamento do animal, se será de helicóptero, barco ou carro. Depois a aproximação do cavalo de maneira sutil e paciente. Aqui, Leonardo explica que assim como um resgate humano, o sucesso da operação vai depender de como o animal se comporta. O uso de sedação é uma alternativa muito usada para acalmar o bicho e fazer o transporte seguro. Por último, a escolha de onde ele será levado. O veterinário não adiantou à reportagem se há alguma técnica específica de aproximação e os pormenores da ação. "Ele teve que ser anestesiado [caso do cavalo em RS], foram ponderadas várias técnicas. Vamos tirar ele por helicóptero, vamos tirar ele a nado? No final é devido a vários fatores. Nós achamos melhor anestesiá-lo e colocá-lo no barco e fazer aquela condução até a rampa. Porque o resgate técnico é isso, é sobre o processo. Ou seja, a conexão do resgate, do transporte até um atendente especializado". Sobre a diferença de resgate em solos variados, Leonardo frisa que cada situação vai exigir um grau de dificuldade particular. Ele explica que ao contrário da água, resgates no fogo apresentam um agravante a mais, a fumaça. "O pessoal pergunta qual é o mais difícil. Cada uma tem seus desafios. O fogo obviamente tem um alto índice de mortalidade por conta da água também, mas o fogo ainda mais do que a água, justamente por todo o mecanismo de como ele funciona e principalmente dos efeitos pós. Se você pegar o caramelo que estava retido numa área cheia de água, clinicamente ele estava relativamente seco. Agora, um cavalo ou um boi cercado pelo fogo, por exemplo, ele talvez não vai ter essa sorte por questões diretas ou indiretas como, por exemplo, a fumaça". O veterinário pontua sobre a ação do Gretap (Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal). Para ele, a preocupação com o bem-estar animal aumentou nos últimos anos, e a comoção com o Caramelo foi um exemplo claro disso. "Hoje nós não temos leis que efetivamente obriguem determinadas situações, mas a partir do momento que eu tenho um serviço oferecido, essa sensibilização, preocupação com o animal, que faz parte de um contexto de saúde única, que é o equilíbrio animal, meio ambiente e ser humano, você consegue caminhar. A partir do momento que você tem uma juventude exigente e uma opinião pública ela vai refletir lá no final em questões legais". Resgate do Caramelo - Leonardo conta que foi até o Rio Grande do Sul trabalhar de maneira voluntária em prol da vida animal e que fez vários resgates. O cavalo Caramelo não foi resgatado de imediato devido à falta de visibilidade. "Ele foi resgatado numa quinta-feira, e era por volta de terça-feira, entrou no sistema de triagem de ocorrência. Estava no telhado num bairro lá em Canoas e a gente começou a preparar tudo e a partir do momento que a gente conseguiu localização geográfica, confirmações, fomos tentar fazer uma incursão pra encontrá-lo em uma localização aproximada. Nós tivemos que sair da água porque tava muito perigoso e o bombeiro pediu. Aí replanejamos a operação e aí nós conseguimos chegar nele". Segundo o veterinário, o cavalo entendeu que estava sendo ajudado e colaborou com a ação de resgate. "Apesar desse tempo todo que ele ficou lá, nós notamos que clinicamente ele tinha pequenas alterações, não muito condizentes, o que também já foi um ponto de sorte pra nós. Ele colaborou muito do ponto de vista comportamental. Meio que entendeu que ele estava sendo ajudado". Hoje o cavalo recuperou o peso e, segundo Leonardo, tem uma vida de celebridade e a vida que merece. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .

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