Rede de mercados fecha devendo R$ 8,4 milhões
O fechamento da última unidade de uma rede de supermercados em Campo Grande, neste mês de julho, parece representar o fim de um sonho para os donos e o começo de um pesadelo para centenas de credores que precisam receber as dívidas deixadas no processo de falência da empresa.
O fechamento da última unidade de uma rede de supermercados em Campo Grande, neste mês de julho, parece representar o fim de um sonho para os donos e o começo de um pesadelo para centenas de credores que precisam receber as dívidas deixadas no processo de falência da empresa. Aberto em 2016, com crescimento muito rápido durante a pandemia, o Supermercado Soares, como alegado no próprio pedido de recuperação judicial, não soube lidar com o próprio crescimento e ruiu. Conforme o mesmo processo, a dívida atual gira em torno de R$ 8,4 milhões de reais com mais de 200 credores, entre ações trabalhistas e outras. A rede chegou a ter seis unidades em Campo Grande e tinha como característica atender os bairros. As lojas atuavam nos bairros Paulo Coelho Machado, Los Angeles e Jardim Bálsamo. O supermercado era administrado por Zulene Aparecida Soares Eireli e Thiago Soares, mãe e filho. Conforme processo, as seis lojas chegaram a faturar R$ 7 milhões por mês e teve 200 funcionários no ano de 2022. Nessa época, um especialista em merchadising trabalhava prestando serviço ao supermercado. Preferindo não se identificar, ele conta que chegou a contratar uma equipe de 30 pessoas para ajudá-lo nas demandas. "No começo os pagamentos eram feitos de forma normal, depois começaram a atrasar, até não vir mais". Vendo que não ia receber, decidiu sair com barco afundando mesmo. "Estou com uma dívida de R$ 60 mil, porque fiz empréstimos para pagar minha equipe. Agora não sei como vou fazer para pagar. Preciso trabalhar muito, porque deles acho que não recebo tão cedo". A situação da empresa é bem complicada, tanto do ponto de vista administrativo quanto judicial. O pedido de recuperação foi aceito, mas antes disso a empresa teve até parte do estoque imobilizado para arcar com uma dívida de fornecedor, sem falar nas dezenas de processos individuais com pedido de execução de dívidas impetrados ao longo dos últimos anos. Só uma rede de atacados, fornecedora do Supermercado Soares, executou a empresa em R$ 790 mil. Outra pessoa que está sendo afetado pelo fechamento é um ex-gerente que trabalhou na rede parte do ano de 2023 e tem cerca de R$ 10 mil para receber. Ele não também prefere não se identificar. "Como eu era do setor de comprar eu sabia que uma hora ia travar tudo, a conta não fechava. Até hoje eu recebo ligação de empresas que a rede ficou devendo". O ex-funcionário conta que antes de completar um ano, recebeu uma proposta e decidiu sair. Até agora não recebeu o acerto, sem falar no fundo de garantia nunca depositado, e que ele usa para amortizar o financiamento da própria casa. Outra ex-funcionária com valores em aberto trabalhou de operadora de caixa. Ela tem cerca de R$ 16 mil para receber. "Eu trabalhei em um sábado, era setembro, em no domingo mandaram no grupo dos funcionários do nada que o mercado iria fechar e pediram pra ir na segunda ao RH preencher os papeis". Ela assinou os documentos de rescisão, mas não peguei um centavo. "Eu então entrei com um processo, eles não compareceram na audiência e estou até agora sem saber como vai ficar minha situação". O pedido de recuperação foi aceito pelo juiz José Henrique Neiva Carvalho e Silva da Vara Regional da Falências, Recuperações Judiciais e de cartas precatórias cíveis em geral. Uma das primeiras medidas quando o pedido é recebido, é a suspensão das cobranças por um tempo determinado para que o plano de pagamento seja apresentado, o que não aconteceu ainda. Desde o ano passado a suspensão das dívidas foi adiada por mais duas vezes. Neste meio tempo, houve dezenas de manifestações de credores contestando o requerimento de recuperação judicial, não acolhidos pelo juiz por diferentes motivos. A reportagem entrou em contato com o advogado que negocia o plano de renegociação da dívida. Por telefone ele apenas diz que Zulene Aparecida Soares Eireli e Thiago Soares ainda estudam uma forma de pagar os mais de R$ 8 milhões, mesmo sem a renda do supermercado. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .
Fonte: Campo grande News