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Os desafios de cuidar da saúde mental dos homens

Se tem algo que sabemos, é que os homens dificilmente procuram por iniciativa própria cuidar das questões de saúde, sejam físicas ou emocionais.

Por Propaga News em 05/07/2024 às 14:57:40

Foto: Foco Cidade

Se tem algo que sabemos, é que os homens dificilmente procuram por iniciativa própria cuidar das questões de saúde, sejam físicas ou emocionais. As estatísticas das agências governamentais confirmam essa percepção. Conforme o Ministério da Saúde, no período entre 2015 e 2022, os atendimentos na atenção primária pelo SUS, na faixa etária de 20 a 59 anos, apenas 26,1% corresponderam a pacientes do sexo masculino, enquanto 73,9% foram destinados às mulheres. Isso ocorre, não é porque os homens adoecem menos, muito pelo contrário. Trata-se de comportamento sintomático que retrata a estrutura de pensamento e conduta mantida por grande parte da população masculina. Além de sofrer de variados transtornos emocionais, como a depressão e a ansiedade, é frequente na população masculina o uso abusivo de substâncias, entre elas, álcool, cigarros e remédios. Outro ponto delicado é que a população masculina concentra as taxas mais altas de suicídio. De acordo com dados do Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde de 2021, os homens apresentaram risco 3,8 vezes maior de morte por suicídio que as mulheres. Já o estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2022, aponta que os homens vivem em média sete anos a menos que as mulheres em praticamente todas as faixas etárias. Esses números nos levam a questionar, afinal, por que os índices de mortalidade são maiores com os homens? Isso acontece porque eles tendem a ser criados e educados para exercer uma masculinidade viril que dificulta reconhecer todo e qualquer sinal de fragilidade. Aliás, na nossa cultura, a vulnerabilidade e a fragilidade são consideradas coisas femininas e que os homens devem evitar. Ainda hoje são muitos os que têm a crença de que "homem não chora" e que "chorar é coisa de mulherzinha"! O problema é que essa lógica de que "homem não chora" faz com que os sintomas de mal-estar sejam ignorados ao longo da vida, impedindo o cuidado preventivo com a saúde e afastando os homens do contato com as próprias emoções. Assim, é comum os homens terem muita dificuldade para saber como administrar as frustrações, a raiva, a decepção e várias outras emoções desagradáveis. Para agravar ainda mais a situação, eles costumam demorar bastante para pedir ajuda, aumentando mais o sofrimento e o agravamento de doenças tratáveis. E qual o motivo de estarmos falando desse assunto agora? Estamos no mês de julho, em que celebramos, no dia 19, o "dia do homem" (sim, essa data comemorativa existe!!). Embora a discussão de um tema tão importante não deva se limitar a um período do ano, nós temos uma grande oportunidade para refletir sobre o avanço nos cuidados e ainda nos desafios que os homens enfrentam quando se trata de procurar ajuda. O preconceito associado ao medo de ser visto como fraco ou vulnerável se torna uma grande barreira para que o homem exerça seu autocuidado. O estigma social da masculinidade viril e as normas de comportamento masculino profundamente presentes em nossa cultura exercem um papel fundamental na origem dos comportamentos dos homens em relação aos problemas de saúde e na sua vontade de procurar ajuda. Porém, há uma boa notícia em relação a atenção com a saúde masculina, a de que nós homens estamos cada vez mais abertos a cuidar da nossa saúde mental e física. Estamos cada vez mais abertos a buscar ajuda psicoterápica e a lidar com os sintomas da depressão, ansiedade, esgotamento físico-emocional, compulsões, bem como outras questões. Outra boa notícia é que um dos fatores que mais ofereciam resistência à procura de atendimento especializado por parte dos homens era a dificuldade de se ausentar no trabalho, situação que tem sido driblada com o aumento da telemedicina e das psicoterapias on-line. Uma prática que ganhou muita força principalmente após a pandemia do Covid-19. Outro fator que tem colaborado é o acesso à informação. Seja através das redes sociais, das políticas públicas, dos espaços de trabalho, enfim, estamos nos informando mais sobre a necessidade do autocuidado, de nos enxergarmos verdadeiramente como somos: seres humanos com limites, repletos de vulnerabilidades e fragilidades e que negá-las não fará com que elas desapareçam. Quanto mais, nós homens, buscarmos a terapia e falarmos sobre os seus benefícios, mais contribuiremos com a cultura e encorajamos outros homens a procurar ajuda e assim, também poderão se sentir mais motivados para começar essa tão importante caminhada de autocuidado. A psicoterapia vai te ajudar a descobrir o que você pode mudar para se sentir melhor, pois ela é um importante recurso no auxílio da construção de sentido principalmente quando estamos passando por um momento de grande dor. Fica aqui o meu convite de forma bem direta a nós homens: Vamos ter coragem de cuidar da gente! Lieber Faiad, psicólogo com formação em Logoterapia (Terapia do Sentido da Vida), pós-graduando em Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade pela CBI of Miami

Fonte: Campo grande News

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