Lista com "problemáticas" coloca patroas e empregadas em pé de guerra no Damha
Com direito a justificativas e escrita em ordem alfabética, moradoras do Residencial Damha I usam de experiências próprias para elaborar uma lista e sujar os nomes de funcionárias que consideram "problemáticas".
Com direito a justificativas e escrita em ordem alfabética, moradoras do Residencial Damha I usam de experiências próprias para elaborar uma lista e sujar os nomes de funcionárias que consideram "problemáticas". Em um dos casos, a ex-patroa chama empregada doméstica de "Rainha da Justiça do Trabalho" e coloca a observação "perigosa". Uma moradora, que pediu para não ser identificada, se incomodou com a história e resolveu dar publicidade ao "sistema discutível", na avaliação dela. A mulher contou que a lista foi criada pelas vizinhas há cerca de seis meses com nomes e sobrenomes de diaristas e babás que não recomendam. Nesta quinta-feira (23), as recomendações voltaram a circular no grupo formado apenas por mulheres, chamado "damas". "Acho totalmente errado. Ali pode ter uma pessoa de bem que pode ter a fonte de renda prejudicada. Começou com domésticas e agora já está até com profissionais da área da saúde", relata a moradora. Em trecho da conversa que o Campo Grande News teve acesso, uma das participantes do grupo pede para que a lista das não recomendadas seja enviada novamente porque não contrata ninguém, antes de consultar o "dossiê". As justificativas para não se contratar as funcionárias presentes na lista são diversas. Uma mulher é descrita como mentirosa e a ex-patroa ainda complementa: "entra com ação trabalhista quando sai para conseguir qualquer dinheiro". Há também quem não é recomendada por supostamente falar mal dos ex-patrões e expor a intimidade deles. "Não tem responsabilidade com o emprego, sai da noite pro dia sem avisar e nem satisfação dá", reclama a ex-patroa. As "damas" também aproveitam a lista para denunciar supostos crimes, que as empregadas cometeram enquanto trabalhavam. "Babá gaúcha, conhecida como **** dopa crianças", anuncia. Para justificar a relação, uma das mulheres escreve que não é nada pessoal, mas que tem direito de se posicionar e fazer alerta. Dos 41 nomes presentes na lista, apenas 9 são acompanhados por justificativas. Uma das curiosidade é que na relação há realmente o nome de uma criminosa. Em frente ao nome de Lucimara Rosa Neves não há nenhum alerta, mas em 2022 ela foi presa por envolvimento no assassinato da pecuarista Andreia Aquino Flores, morta aos 38 anos em assalto simulado. Ela era governanta e arquitetou o plano para lucrar R$ 100 mil. Em 2023, ela foi condenada há 28 anos de prisão. Em resposta, algumas funcionárias já estariam preparando a lista de "patroas não recomendadas". É crime? - A vice-presidente da Comissão da Advocacia Trabalhistas, Rafaela Tiyano Dichoff Kasai Araujo Lima, explica que a prática de criação de listas como essas não se categoriza como crime, mas é uma prática proibida. "A gente chama de lista negra na seara trabalhista, ela não é um crime, mas é um instrumento ilícito de retaliação. [O funcionário] teria que abrir um processo de indenização civil, mas não na justiça do trabalho, por não ter vínculo empregatício", detalhou. A advogada ainda relata que a prática pode se caracterizar como calúnia e difamação, pela exposição que é realizada no grupo. "Por estar expondo terceiros em uma lista que nem se sabe se é verdadeira as informações que constam nesta lista, poderiam abrir um processo", diz. O Campo Grande News entrou em contato com algumas das participantes e apoiadoras da lista, mas não foi atendido. O espaço segue aberto para possíveis posicionamentos. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .
Fonte: Campo grande News