Rede de traficantes contava com policiais, empresários e até homicidas
Tráfico de cocaína em larga escala, entre Ponta Porã e Campo Grande, contava com rede sofisticada de distribuição, com apoio de policiais - que levavam droga em viaturas oficiais e até faziam escoltas de caminhões com entorpecente - empresários e até homicidas.
Tráfico de cocaína em larga escala, entre Ponta Porã e Campo Grande, contava com rede sofisticada de distribuição, com apoio de policiais - que levavam droga em viaturas oficiais e até faziam escoltas de caminhões com entorpecente - empresários e até homicidas. É o que aponta a investigação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), que deflagrou a Operação Snow nesta terça-feira (26). Dos 21 mandados de prisão, 15 foram cumpridos com apoio de policiais militares. Os investigados levados para a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do Cepol. Nesta quarta-feira (27), eles passam por audiência de custódia. Ordens judiciais - Em relação aos policiais civis que faziam parte da quadrilha, foram emitidos cinco mandados, dois de prisão preventiva e três de busca e apreensão, todos cumpridos. A PCMS (Polícia Civil de Mato Grosso do Sul) divulgou que os agentes estão custodiados no Presídio de Trânsito e 3ª Delegacia de Polícia da Capital. Apenas um dos policiais foi identificado pela reportagem, como sendo Hugo César Benites. Três mandados, de prisão e de busca e apreensão, foram cumpridos na mesma família. Foram presos: Douglas de Lima de Oliveira Santander, de 35 anos, o pai, Natoni Lima de Oliveira e a mãe de Douglas, a empresária Darli Oliveira Santander. Douglas é réu por matar a tiros Cristian Alcides Lima Ramires, em outubro de 2022. Ainda, foram presos: Franck Santos de Oliveira, de 46 anos, que acabou também autuado em flagrante por porte irregular de arma de fogo de uso permitido; Ademar Almeida Ribas; e Ademilson Cramolish Palombo, o "Alemão", envolvido no caso do garagista e agiota Carlos Reis de Medeiros de Jesus, 52 anos, o "Alma", morto e esquartejado em Campo Grande. Ademilson devia alta quantia ao garagista, cujo corpo nunca foi encontrado. Ainda estão inclusos na lista de presos: Jucimar Galvan, de 45 anos, empresário e também autuado em flagrante por porte ilegal de arma de fogo; Adriano Diogo Veríssimo, de 32 anos, motorista de caminhão e com passagem por ameaça no âmbito da violência doméstica; Eric do Nascimento Marques; Joesley da Rosa, de 35 anos, motorista de caminhão; Márcio André Rocha Faria, administrador também flagrado com arma na operação; Mayk Rodrigo Gama; Rodney Gonçalves Medina, empresário com passagens por tráfico de drogas em São Paulo; e Wellington de Sousa Lima, de 27 anos, conhecido como "garganta" e fichado na polícia por furto. Ainda, há mandados para serem cumpridos contra: Anderson César dos Santos, de 42 anos, auxiliar administrativo com passagem por roubo; Bruno Ascari, 28, motorista de caminhão e passagem por tráfico de drogas; Fábio Antônio Alves da Silva; Fernando Henrique Souza dos Santos, 32 anos, motorista e com passagens por tráfico; Luiz Paulo da Silva; e Paulo César Jara Ibarrola. Entenda - Segundo a investigação do Gaeco, que contou com o auxílio da Corregedoria da Polícia Civil e da Polícia Rodoviária Federal, a organização criminosa era altamente estruturada. "(...) com uma rede sofisticada de distribuição, com vários integrantes, inclusive policiais cooptados, fazia o escoamento da droga, como regra cocaína, por meio de empresas de transporte, as quais eram utilizadas também para a lavagem de capitais, ocultando a real origem e destinação dos valores obtidos com o narcotráfico." Para isso, a cocaína era escondida em carga lícita, ou seja, com documentações legais, o que dificultava a fiscalização policial nas rodovias "principalmente quando se tratava de material resfriado/congelado (carnes, aves etc.), já que o baú do caminhão frigorífico viajava lacrado". Outra maneira que utilizavam para traficar a droga de Ponta Porã a Campo Grande era o chamado "frete seguro". "(...) policiais civis transportavam a cocaína em viatura oficial caracterizada, já que, como regra, não era parada, muito menos fiscalizada por outras unidades de segurança pública", aponta a investigação. A quadrilha ainda fazia a transferência da propriedade de caminhões entre empresas usadas pelo grupo e os motoristas, desvinculando-os dos reais proprietários. Com isso, chamavam menos atenção em eventual fiscalização policial, porque, em regra, a liberação é mais rápida quando o motorista consta como dono do veículo. Durante a investigação, foi possível identificar mais duas toneladas de cocaína da organização criminosa, apreendidas em ações policiais. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.
Fonte: Campo grande News