Órfã do fogo: Fadinha saiu para o mundo após ser treinada por "mãe" veterinária
Um exemplo da força e resiliência da natureza, Fadinha, a tamanduá-bandeira que foi resgata filhotinha em 2021 ganhou o mundo nesta terça-feira (19), após longo tempo de treinamento.
Um exemplo da força e resiliência da natureza, Fadinha, a tamanduá-bandeira que foi resgata filhotinha em 2021 ganhou o mundo nesta terça-feira (19), após longo tempo de treinamento. Ela foi encontrada agarrada ao corpo da mãe, vítima de atropelamento. Na ocasião, o animal tinha apenas três meses de vida e estava no dorso da genitora, que tentava fugir de um incêndio florestal, perto de Terenos. Foi preciso a ajuda de várias instituições até que a soltura feita ontem se concretizasse. Resgatada pela PMA (Polícia Militar Ambiental), a tamanduá passou pelos primeiros cuidados no CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres). Após um mês, ela foi encaminhada para o projeto Órfãos do Fogo, do Instituto Tamanduá, que tem base na Pousada Águape, em Aquidauana. Lá ela ganhou uma 'mãe' veterinária. A equipe que faz a reabilitação da espécie se reveza a cada duas horas para dar mamadeiras aos pequenos. Um filhote de tamanduá em vida livre tem uma ligação parental com a mãe no começa da vida muito forte. As profissionais tiveram que substituir todo o papel que a genitora teria ao ensinar o filhote ser independente. "A Fadinha passou pela adaptação, mamadeira, depois a introdução alimentar no potinho, para perder o vínculo com a mamadeira. Aí fazemos adaptação com ração com cupinzeiro e eles vão ficando mais aptos a ficarem sozinhos. O processo demora um ano e meio de treinamento e acompanhamento do crescimento na nossa base", conta a médica veterinária e bióloga presidente do Instituto Tamanduá, Flávia Miranda. O nome do animal foi escolhido em votação na internet, na época das Olimpíadas. Dentre as opções estava a homenagem para a skatista Rayssa Leal, a Fadinha. Depois de ser considerada pronta para ser reintroduzida na natureza, a tamanduá foi solta e permanece próxima a base onde cresceu neste primeiro dia. Ela será monitorada por dois anos com um radio colar. "A Fadinha é um doce de tamanduá. Uma guerreira que conseguiu sobreviver longe da mãe. Os tamanduás existem há 65 milhões de anos e são exclusivos da América Latina. São tão importantes como a onça, a anta, os jacarés e todos os outros animas. Precisamos preservar a nossa fauna", acrescentou. O projeto Órfãos do Fogo conta com a parceria do governo do Estado, por meio da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação). Até o momento, 15 tamanduás já foram reintroduzidos no Pantanal. Outros quatro seguem em treinamento para serem soltos. Sede nova – Nesta sexta-feira (22) será inaugurada, às 18h, a sede do Instituto Tamanduá em Campo Grande. O local na rua Paraíba será a matriz administrativa, lojinha e espaço cultural para divulgação da espécie. O momento é muito celebrado pelos pesquisadores que integram projetos de conservação. "Viemos para o Pantanal sul desde 2009 e como fui criada aqui no Estado, tenho uma ligação afetiva muito forte com o bioma. Estou muito feliz de voltar para casa após 30 anos e poder dedicar toda minha energia ao Pantanal", acrescentou. O Instituto de Pesquisa e Conservação de Tamanduás no Brasil é uma Organização Não Governamental que surgiu em 2005 tem hoje uma equipe multidisciplinar que trabalha diretamente com as espécies de Xenarthra brasileiros e seus habitats, junto à experiências em projetos de conservação e parcerias com instituições em diversos países, contribuindo para o comprometimento, integridade e qualidade do seu trabalho em prol da conservação. São mais de 18 anos de pesquisas e neste período identificamos e descrevemos 7 novas espécies de tamanduás e preguiças que só ocorrem no Brasil e até então eram desconhecidos da ciência. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .
Fonte: Campo grande News