Deputados debatem racismo após agressão a criança em escola
O episódio em que uma menina de 4 anos é empurrada e advertida pelo pai de um colega da mesma idade, ocorrido na Escola Municipal Professora Iracema de Souza Mendonça, no Bairro Universitário, foi abordado esta manhã na Assembleia Legislativa e visto como episódio de racismo.
O episódio em que uma menina de 4 anos é empurrada e advertida pelo pai de um colega da mesma idade, ocorrido na Escola Municipal Professora Iracema de Souza Mendonça, no Bairro Universitário, foi abordado esta manhã na Assembleia Legislativa e visto como episódio de racismo. A confusão foi parar na Polícia Civil, que ainda não divulgou como enquadrará o caso. Para os deputados petistas Pedro Kemp e Gleice Jane foi um episódio de racismo. A menina é negra. Os pais contaram que ela ficou impactada com a situação sofrida, mas não querem valorizar o aspecto racial para evitar que isso repercuta em episódios futuros na vida dela. A família revelou ontem à reportagem do Campo Grande News que trocaria a criança de escola. A violência ocorreu quando a menina chegou e abraçou o coleguinha. O pai do menino se aproxima, empurra a menina e adverte-a. A cena envolveu também a direção da unidade, que acionou a Guarda Civil e todos foram encaminhados para a delegacia. Jane apresentou requerimento ao secretário de Justiça e Segurança Pública, Antônio Videira, pedindo "apuração rigorosa". Ela ainda defende que os adultos e as duas crianças passem por atendimento psicossocial, para verificar como ajudar as famílias. No discurso que fez esta manhã, na tribuna, defendeu que os agentes públicos devem ser orientados sobre o tema e não apresentar análises precipitadas. Ainda argumentou que as redes sociais do pai do menino devem ser analisadas, para verificar se há divulgação de conteúdo violento, de incitação ao ódio. Uma informação divulgada sobre o episódio foi que ele revelou que se exaltou porque a criança não gostava de contato físico e teria admitido que o ensinou a repelir quem tentasse se aproximar. Kemp também disse ter visto racismo a motivar a violência. Ele e Jane defenderam a adoção de políticas públicas contra o preconceito racial, para evitar que situações como a da escola se repitam. O deputado Rinaldo Modesto também falou sobre racismo, mas mencionando episódios recentes no esporte. Classificou como inaceitável acontecer hoje em dia. Ele pediu que o poder público seja vigilante e adote providências. O livro proscrito – O debate que iniciou com o racismo chegou ao livro O avesso da pele, de Jeferson Tenório, já banido em escolas públicas de alguns estados, como Mato Grosso do Sul. Kemp defendeu o livro, pela abordagem ao racismo estrutural e sugeriu que se o pai que empurrou a criança na escola tivesse lido, não teria agido daquela maneira. Ele criticou a rejeição à obra, dizendo que leu o texto e não poderia ser condenado por haver uma página com termos inapropriados e que a perseguição ao livro envolvia hipocrisia e era embalada por uma visão fascista. Emendou dizendo que, se de fato o livro for recolhido das escolas, poderia ser entregue a ele, que distribuiria a quem quer ler. Ainda rebateu que somente discutiria com quem leu a obra. Pedro Caravina, Rinaldo e Zé Teixeira reafirmaram ser contrários à permanência do livro na rede pública de ensino, para estudantes do ensino médio. Modesto mencionou a existência de palavras chulas e que o tema sexualidade, que está inserido na obra, deve ser debatido no âmbito familiar.
Fonte: Campo grande News