Com empregos modestos, sogra e cunhado de "Frescura" movimentaram R$ 1,1 milhão
Investigação do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) sobre o esquema de corrupção na prefeitura de Sidrolândia, a 75 quilômetros de Campo Grande, revelou que a sogra e o cunhado de Ueverton da Silva Macedo, o Frescura, apontado como líder do esquema que desencadeou a Operação Tromper, movimentaram mais de R$ 1,1 milhão entre 2017 e 2021, mesmo com empregos bem modestos.
Investigação do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) sobre o esquema de corrupção na prefeitura de Sidrolândia, a 75 quilômetros de Campo Grande, revelou que a sogra e o cunhado de Ueverton da Silva Macedo, o Frescura, apontado como líder do esquema que desencadeou a Operação Tromper, movimentaram mais de R$ 1,1 milhão entre 2017 e 2021, mesmo com empregos bem modestos. Os dados, obtidos por meio da quebra de sigilo bancário, mostram que Vera Lúcia de Paula, uma faxineira com salário médio mensal de R$ 559, movimentou R$ 539,5 mil, enquanto Rafael de Paula da Silva, ajudante de motorista com salário de R$ 1.055, realizou R$ 604,5 mil em transações bancárias. A análise das movimentações financeiras, apresentadas na ação penal pelo MPE (Ministério Público Estadual), trouxe à tona outros detalhes financeiros de empresas ligadas a Frescura. O ex-candidato a vereador no município, que estudou até a 5ª série do ensino fundamental e que trabalhava como encarregado geral de operações de conservação de vias, recebeu R$ 10,2 milhões no período de 3 anos, com movimentação financeira crescente de R$ 335,8 mil, em 2017, até R$ 3,385 milhões em 2021, incluindo depósitos de origem desconhecida que somaram R$ 554,9 mil. No entanto, o destaque ficou para as movimentações da sogra e do cunhado, identificados como possíveis "laranjas" no esquema. A quebra do sigilo revelou que, mesmo com salários modestos, Vera Lúcia e Rafael movimentaram expressivas quantias em dinheiro. O MPE concluiu que suas contas bancárias agiam como "contas de passagem" para o grupo. A quebra do sigilo revelou que Vera Lúcia recebeu R$ 124,6 mil dos integrantes do grupo, repassando R$ 414,9 mil. A maior parte dessas transações ocorreu com seu genro Frescura, que recebeu R$ 35,6 mil dela, enquanto repassou R$ 228 mil. Outros membros do esquema também realizaram transações significativas com Vera Lúcia. ( esquema de transações abaixo ) Rafael, cunhado de Frescura, com salário de R$ 1.055, exerceu funções de ajudante de motorista, motorista de furgão e repositor de mercadorias. Ele movimentou R$ 604,5 mil, recebendo R$ 291,6 mil e repassando R$ 312,9 mil aos integrantes do suposto esquema criminoso. A maior transação foi com o próprio cunhado, Frescura, que recebeu R$ 202,5 mil de Rafael, enquanto pagou R$ 262,4 mil. A investigação apontou que os repasses de Ueverton da Silva Macedo para Rafael representam uma fonte de recursos à disposição de Ueverton, indicando um possível papel de Rafael como intermediário. (esquema de transações abaixo) Ao analisar a disposição do fluxo de entrada e saída de valores, o MPE apontou que a liberação de recursos está diretamente relacionada e apresenta uma "simetria temporal rigorosa" em relação aos valores de entrada. Em outras palavras, os saques ou pagamentos ocorriam imediatamente após a entrada correspondente. "Considerando, portanto, a inexistência de capacidade econômica e a inexistência de capacidade fiscal, tanto para VERA LUCIA DE PAULA, quanto para RAFAEL DE PAULA DA SILVA, as transações bancárias havidas entre todos eles traduzem, ao que parece, a constatação de serem (Vera Lucia e Rafael de Paula) pessoas interpostas e à disposição do grupo, funcionando as suas contas bancárias como contas de passagem", apontou o MP. Julgamento - O juiz Fernando Moreira Freitas da Silva, da Vara Criminal de Sidrolândia, retomou na sexta-feira (16), a fase de audiências da Operação Tromper. A operação, conduzida pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), investiga corrupção na prefeitura de Sidrolândia, com suspeitas de esquema desde 2017. A primeira fase, em maio do ano passado, focou em provas relacionadas a crimes como peculato, falsidade ideológica, fraude em licitações, associação criminosa e sonegação fiscal. A segunda fase, em julho, resultou em prisões de servidores e empresários, levando à rescisão de contratos da prefeitura com as empresas investigadas. Em agosto, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul denunciou 10 pessoas por suspeita de corrupção e fraude em licitações. O juiz convocou 11 testemunhas para a próxima audiência, seguida por mais oito no dia 23. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .
Fonte: Campo grande News