A produção e reportagem é do repórter Rafael Cardoso, com adaptação, roteiro e montagem da jornalista Akemi Nitahara, que lideram o trabalho conjunto com a equipe da Radioagência Nacional, e da arte, Redes e técnicos da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
Os episódios abordam iniciativas que deram espaço de fala para a população negra levar e receber informações em uma perspectiva segmentada.O primeiro programa trata dos 190 anos de luta antirracista que liga passado e presente, marcando o lançamento do periódico O Mulato, que mais tarde passou a se chamar O Homem de Cor.
O jornal denunciava que a separação dos pelotões pela cor dos soldados era um desrespeito à Constituição do Império, que determinava que " todo cidadão poderia ser admitido aos cargos públicos civis, políticos e militares, sem outra diferença que não seja a de seus talentos".
Quando este periódico foi lançado, a escravidão ainda vigorava no país, mas não foi tema do jornal. O foco de O Homem de Cor era denunciar a discriminação racial contra pessoas negras livres.
Desde as primeiras publicações os movimentos sociais e pesquisadores têm denunciado incessantemente as abordagens policiais racistas e a criminalização sistemática de negros.
Era assim em 1833 e continua assim em 2023: os negros representam 68% da população em presídios no país, segundo o Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. A pauta é uma constante na imprensa negra.
"Um país de maioria negra como o nosso, é escandaloso, é intolerável que o negro só seja participante nas mais humildes e mal pagas situações de trabalho nesse país. É impossível admitir que um Brasil construído pelo braço, pelo sangue, pelo esforço do negro, não tenha ministros do Estado negros, nós exigimos participação nos ministérios. Porque nós não podemos ser teleguiados dos brancos. Não podemos abrir mãos do nosso direito de autogoverno. E onde estão por exemplo os generais de quatro estrelas da Raça Negra? Onde estão os almirantes negros? Onde estão os juízes do Supremo Tribunal Federal da Raça Negra?"
Esse é Abdias Nascimento, em discurso em praça pública no dia 20 de novembro de 1983. Na época, ele era deputado federal e o Dia da Consciência Negra ainda não tinha sido instituído no Brasil. Levou mais de 20 anos para que a data entrasse no calendário escolar, e só em 2011 o 20 de novembro foi oficializado em memória da luta de Zumbi dos Palmares.
Nos episódios seguintes, o podcast vai passar ainda pela história de Abdias Nascimento e o jornal Quilombo, seguindo pela Revista Tição ontem e hoje, a TV Quilombo que ajuda comunidade a preservar memória de lutas e chega aos tempos atuais com jornalistas negros que desafiam abordagens racistas da mídia tradicional.
O primeiro episódio já está disponível nas plataformas de áudio e no Youtube com interpretação em Libras.
Agência Brasil