Por causa dos estudos, a jovem kayapó, de 22 anos, que integra o coletivo, passou a viver fora da Aldeia Capoto na Reserva Capoto-jarina e foi morar em Colniza, uma cidade próxima em Mato Grosso. Ela disse que, mesmo fora do local de origem, é possível manter as tradições culturais.
"Muitas vezes pode ter um jovem que se pergunta se vai perder a sua cultura, só que não. Você pode preservar a cultura usando o conhecimento indígena", observou, acrescentando que já tem algumas formações, mas pretende fazer universidade, mais especificamente, curso de cinema.
Por meio do trabalho de pesquisa para a exposição, Kokokaroti pôde ver pela primeira vez a imagem do avô.
"Esse momento que estamos tendo aqui nessa exposição, a gente buscou, correu atrás de cada das imagens e, principalmente, eu vi uma foto do meu avô, que eu não tive oportunidade de conhecer, nem a luta dele. A gente encontrou as imagens de cada liderança, todas tiveram vozes importantes naquela época. A gente conheceu umas culturas, tipo danças tradicionais que aconteciam naquela época e não acontecem mais. Com esse objetivo, eu quero buscar conhecimento sobre cinema", explicou.
Machismo
A jovem destacou ainda a presença das mulheres entre os kayapó. Segundo Kokokaroti, atualmente elas têm atuado de forma conjunta e isso ajuda a combater o machismo nas comunidades.
"É uma coisa muito importante ter a presença da mulher dentro dos espaços, porque existe muito machismo que a gente enfrenta e agora estamos nos juntando mais para ocupar espaço, fortalecendo [as mulheres] dentro da comunidade da aldeia e nos estudos", observou.
Para Kokokaroti Txukahamãe Metuktere, os cantos tradicionais que vê dos antepassados e os cortes de cabelos das mulheres e dos homens são as representações que mais caracterizam a cultura kayapó. "[Isso] é iniciado pelos nossos antepassados e nossos avós. É um símbolo nosso mesmo e o corte tradicional da mulher, que o homem também pode fazer", afirmou.
Profissionalização
Como forma de garantir uma fonte alternativa de renda para o povo M?bêngôkre-Kayapó, os Mekarõ opodjwyj buscam um caminho profissionalizante. Na área política, atuam para gerar a possibilidade de jovens lideranças participarem de mobilizações políticas e ainda nas trocas de conhecimento com outros povos.
O audiovisual se transformou em um instrumento potente dos M?bêngôkre-Kayapó para o fortalecimento cultural dos próprios registros sobre a vida, atividades cerimoniais e cotidianas.
A produção do Beture é de cerca de 30 filmes por ano, que costumam tratar do metoro, que são as festas de nominação, os eventos políticos e alguns filmes de ficção representando as narrativas da origem da mitologia M?bêngôkre-Kayapó, principalmente transmitida pelos mais velhos.
Os filmes são exibidos nas comunidades e são muito bem recebidos nas aldeias M?bêngôkre-Kayapó, mas junto a outros públicos em níveis regional, nacional e internacional também têm acesso.
Agência Brasil