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Rio de Janeiro celebra 100 anos de Emilinha Borba

A cantora Emilinha Borba está sendo lembrada e homenageada por fãs, admiradores, parentes e amigos, nessa quinta-feira, dia 31 de agosto.

Por Propaga News em 31/08/2023 às 10:43:15

Foto: Reprodução internet

Emilinha acompanhada pelo historiador Ricardo Albin - Acervo pessoal/Divulgação

A popularidade da artista era tanta que chegou a ser comentada em uma conversa entre ela e o ex-presidente Getúlio Vargas. "Emilinha disse ao presidente que percorreu o país de ponta a ponta, pelo menos, umas quatro vezes e era recebida como feriado nacional, o comércio fechava para receber a cantora. O presidente teria dito a ela "que inveja minha filha, eu tenho de você", contou à Agência Brasil o historiador, jornalista e pesquisador da Música Popular Brasileira (MPB), Ricardo Cravo Albin.

Na visão dele, as apresentações na Rádio Nacional fortaleceram a popularidade da cantora. "A Era do Rádio conseguiu esse milagre e essa benfeitoria ao país que pouco se conhecia. Unir um país gigantesco como o Brasil. Emilinha Borba foi uma grande representação desse tipo de união do país, uma popularidade que chegava a todos os lugares do Brasil", comentou.

Outro fator que pode ter fortalecido a popularidade dela, foi uma disputa com a cantora Marlene no concurso de Rainha do Rádio, o que também favoreceu a "rival", como classificavam os fãs de cada uma. "Existia de fato e começou a partir do momento em que Marlene ganhou o título de Rainha do Rádio em 1949. Emilinha só seria Rainha do Rádio três ou quatro anos depois com grande votação popular. Aquilo realmente fomentou uma rivalidade entre fã-clubes. Eu comprovei, pessoalmente, que elas alimentavam essa rivalidade. Não que fossem inimigas, mas amigas de coração também não eram. Portanto, existia essa rivalidade que virou uma rivalidade clássica da Era do Rádio", afirmou Cravo Albin.

As marchinhas de carnaval também ajudaram a manter a popularidade de Emilinha e são um fator relevante na conquista de novos fãs que mesmo não tendo vivido à época do rádio e nem assistido a shows da cantora são admiradores. Um deles é Lucas Corrêa, que tinha 2 anos quando Emilinha morreu e não pôde ver as suas apresentações. O seu interesse pela história da cantora surgiu, aos 10 anos, quando começou uma pesquisa sobre um outro astro da Era de Ouro do Rádio: o cantor Cauby Peixoto, de quem é fã.

"Eu me encantei também por ela, pela personalidade que ela foi, que reúne carisma, popularidade, versatilidade porque transita por vários gêneros musicais. Isso me chamou muito atenção", pontuou à Agência Brasil, acrescentando que a admiração por Cauby começou ao assistir uma entrevista dele ao apresentador e ator Jô Soares. "Os dois [Cauby e Emilinha] eram considerados os artistas mais populares dos anos 50", completou, dizendo que não teve nenhuma influência dos pais.

Hoje os discos de vinil de Emilinha e de Cauby fazem parte do acervo de colecionador que Lucas mantém em casa. "O que mais me dá satisfação é a atmosfera que tinha no Brasil daquela época. Era um fascínio artístico que despertava nas pessoas de forma totalmente espontânea. O que acontece hoje é mais indústria", apontou.

Lucas tem colaborado com a divulgação dos eventos do centenário da Emilinha. "A gente está fazendo o que pode para honrar o centenário minimamente à altura do que ela representou", concluiu.

Museu

A devoção dos fãs não tem limites e se traduzem em eventos de homenagens à cantora. Na primeira sede do fã-clube Emilinha, no bairro de Benfica, zona norte do Rio, as reuniões dos admiradores com certa frequência contavam com a presença da Rainha do Rádio. Em 2012 a sede se mudou para uma casa do bairro da Penha, na zona norte e atualmente guarda várias peças do acervo particular da cantora doadas por ela e pelo filho. "Quando ela faleceu, o Arthur Emílio, filho dela, mandou o restante lá para casa, troféus, faixas, fotos, roupas, sapatos, fantasias, medalhas", revelou à Agência Brasil, o presidente do fã- clube, Mário Marinho, de 80 anos, que mora na casa da frente no mesmo terreno. "Está realmente como se fosse um Museu".

Marinho credita a popularidade também à personalidade de Emilinha. "Ela se dava e brincava com todo mundo. Era uma pessoa muito fácil de lidar. Ela não subia no trono, ela sentava no trono e dividia o trono dela com as pessoas". Além disso, o presidente lembrou a renovação do público que ocorre por influência de pais e avós. "As crianças estão sempre envolvidas com a Emilinha de uma forma ou de outra. Também esse amor vem dos avós e pais que já gostavam da Emilinha e a garotada vai conhecendo".

Pesquisa

O professor de História, João Arthur, também homenageou Emilinha. Uma vez por ano ele tem que trabalhar o tema Samba como um componente curricular, seguindo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação. E foi por aí que o professor e fã de Emilinha resolveu levar aos alunos de uma das duas turmas de 6º ano do ensino fundamental do Centro Educacional Travessia São José, em Itaguaí, na Costa Verde, a história da cantora e comemorar o centenário.

"Essa data é importante, o centenário da cantora, a personalidade mais conhecida do século 20, a rainha do rádio, com um fã-clube enorme, uma legião de fãs que promovem a figura de Emilinha. Então, eu quis levar para as crianças que fizeram uma pesquisa sobre esse centenário, sobre a influência de Emilinha Borba na era de Ouro do Rádio e até os dias atuais. A perpetuação que o fã-clube tem com a imagem da cantora, foi bem legal e eles gostaram bastante", contou à reportagem da Agência Brasil.

"Eles viram entrevistas dela no YouTube, viram participações em filmes preto e branco, conheceram marchinhas e se identificaram. Foi um resgate bem legal", disse, adiantando que no dia 7 de setembro, os alunos vão desfilar na cidade e terá um pelotão homenageando o samba e nele virá uma aluna representando Emilinha.

Ainda no tema Samba, os alunos da outra turma de 6º ano trabalharam os 100 anos da Portela, completados no dia 11 de abril. Cada turma tem 20 alunos de 12 a 13 anos.

Fonte: Agência Brasil

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