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Acre

Resistência dos puyanawa resgata cultura e ajuda a proteger Amazônia

Os indígenas da etnia Puyanawa, que vivem há tempos imemoriais na região do Vale do Juruá, oeste do Acre, tentam consolidar o resgate de uma cultura ancestral que foi fortemente desagregada com o avanço das atividades extrativas durante o ciclo da borracha, no século passado.


Parte central da identidade do povo Puyanawa, o artesanato tem uma variedade de mais de 35 itens de vestuário, adornos e objetos de uso cerimonial. Na foto, Valéria Puyanawa - Edgar Azevedo

Outra tradição que virou uma importante fonte de renda para a comunidade é a produção da farinha de mandioca. Original do continente sul-americano e cultivada por povos originários há milhares de anos, a mandioca é também o coração da alimentação dos puyanawa. "É uma tradição que vem dos nossos antepassados que a gente mantém de pé, é uma referência", diz Lucas Puyanawa, no dia em que recebeu os visitantes na Casa de Farinha montada na aldeia, que mostra como é feito todo o processo de beneficiamento da mandioca.

Por ano, os indígenas produzem mais de 500 toneladas de farinha, que são consumidas por eles próprios e vendidas no mercado local de Mâncio Lima. Por causa da mandioca e dos roçados de milho, feijão, frutas e outras culturas, os indígenas passaram pelo período mais dramático da pandemia sem depender da doação de alimentos, como ocorreu em comunidades pobres de todo o país.

Alimento ancestral dos puyanawa, a mandioca é transformada em farinha; indígenas escoam produção de 500 toneladas por ano - Pedro Rafael Vilela/Repórter da Agência Brasil

Potencialidades

"Uma coisa que fica evidente para gente é que os povos da floresta não estão pedindo assistencialismo. As soluções estão ali, eles estão reflorestando. Há 14 anos, o território dos puyanawa era um lugar devastado, e hoje a gente vê uma floresta rica, um chão abundante. A gente precisa fortalecer o trabalho que eles estão fazendo", destaca a empreendedora social Kamila Camilo, idealizadora do projeto Creators Academy, numa menção aos modos de produção em harmonia com a selva e os trabalhos de reflorestamento que a comunidade tem feito no território.

Para Kamila, após a visita de influenciadores digitais na região, e as trocas de saberes que resultaram dos encontros, fica para os puyanawa, a partir de agora, a possibilidade de receber outros grupos e trabalhar o turismo de base comunitária, como alternativa econômica para comunidades tradicionais. "É algo que acreditamos na Creators."

Quem também teve uma experiência "transformadora" na visita ao território Puyanawa foi a jornalista Nathalia Arcuri, criadora do canal Me Poupe!, com mais de 7,4 milhões de inscritos na plataforma de vídeo e cerca de 5 milhões em outras redes sociais. O projeto é voltado para educação financeira a partir de uma linguagem simples, com informações sobre finanças pessoais por meio de uma comunicação direta e educativa. Na visita aos puyanawa, a convite da Creators Academy, Arcuri chegou a se reunir com os indígenas para discutir sustentabilidade econômica e social e afirma ter saído fortalecida com os conhecimentos adquiridos dos indígenas.

"Para os puyanawa, dinheiro não é acumular, mas é oportunidade, acesso. Isso é algo eu ainda não tinha escutado, sempre foi dito que dinheiro era segurança, saúde, outras coisas. E eles me falam como dinheiro foi como foi a mola propulsora para terem acesso à educação", relata. "É um povo que entende o significado do suficiente, em contraposição ao excesso."

*O repórter viajou a convite do projeto Creators Academy.

Agência Brasil

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