"Viadinho da manhã": professor expõe homofobia e assédio em academia
Um professor de educação física de 30 anos denunciou casos graves de homofobia, assédio moral e perseguição que alega ter sofrido enquanto trabalhava na unidade de uma localizada na Avenida Mato Grosso, no Centro de Campo Grande.
Um professor de educação física de 30 anos denunciou casos graves de homofobia, assédio moral e perseguição que alega ter sofrido enquanto trabalhava na unidade de uma localizada na Avenida Mato Grosso, no Centro de Campo Grande. Ele registrou boletins de ocorrência, ajuizou processo contra a empresa e agora tornou público o caso após ter sido demitido. Segundo o profissional, os episódios de abuso começaram a se intensificar em dezembro de 2024, quando foi punido pela gerente da unidade por um atraso. Como "castigo", ela o obrigou a fazer burpees — exercício físico de alta intensidade que consiste em agachamento seguido de flexão e salto — em frente aos alunos. O constrangimento foi apenas o início de uma sequência de humilhações. No mês seguinte, em janeiro de 2025, o professor teve uma garrafa furtada dentro da academia e, ao comunicar o fato, passou a ser ignorado pela chefe, que deixou de responder mensagens e evitava qualquer interação direta. Ainda em janeiro, ele teve acesso a conversas no computador da gerência da academia que comprovariam a prática sistemática de assédio por parte da gerente e de um superior hierárquico da rede, diretor de operações. De acordo com a vítima, o computador da gerência é de uso comum entre os funcionários, e a gerente frequentemente autorizava o uso inclusive de seu WhatsApp web, que estava logado na máquina. No dia 26 de janeiro, enquanto tentava resolver um problema com a internet da academia, o professor visualizou conversas entre os gestores, que, segundo ele, revelam claramente a intenção de forçá-lo a pedir demissão. Provas - Prints dessas conversas, agora anexados ao processo, mostram a gerente se referindo ao funcionário com termos como "viadinho", "safado", "mal caráter" e "vagabundo". O diretor incentiva medidas para prejudicar o professor, como a retirada das aulas de abdominal que ele ministrava, com o objetivo de reduzir seu salário. Há ainda menções a "passar a faca nele" e simulações da sua rescisão contratual, além de insinuações de cancelamento de férias para puni-lo. "A orientação dele é me espremer até que eu mesmo pedisse pra sair. Eles falavam isso abertamente. Mesmo depois de ter sofrido furto e relatado, fui tratado como culpado. É revoltante", afirma o professor. A gerente também cogita dar advertência por um suposto atraso de dois minutos e, em tom de deboche, menciona que o funcionário "dá nojo" e que "pedir para sair seria o melhor". Em outra troca de mensagens, após simular a demissão, o diretor afirma: "Bota o macho pra trabalhar e arranca o couro dele", ao que a gerente responde chamando o funcionário de "vagabundo demais" e sugerindo que cancelar suas férias o prejudicaria diretamente. Conforme o denunciante, o assédio não era apenas individual, mas institucionalizado, com o diretor endossando os ataques. "Sempre foi muito difícil trabalhar lá. Ela [gerente] era grossa, os próprios clientes já reclamaram dela. Sempre percebi que ela me perseguia", relata. O ápice veio quando, ao chegar para dar aula, o professor teve o acesso bloqueado à unidade, sem qualquer aviso prévio. Pouco depois, foi oficialmente demitido. A vítima representou criminalmente contra a gerente e o diretor por assédio moral, perseguição e injúria homofóbica, crime previsto no ordenamento jurídico brasileiro desde que o Supremo Tribunal Federal equiparou a homofobia ao crime de racismo. Procurados para comentar o caso, a gerente e o diretor ainda não responderam as mensagens enviadas e também não atenderam as ligações. A reportagem foi até a academia, mas a responsável pelo local não estava. A equipe deixou recado com o funcionário da recepção. O espaço segue aberto para esclarecimentos. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .
Fonte: Campo grande News