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Apicultores do Pantanal tem perdas que ultrapassam R$ 200 mil devido a incêndios

Entre janeiro e dezembro do ano passado, os incêndios consumiram mais de 1,9 milhão de hectares no Pantanal, segundo o MapBiomas Fogo.


Entre janeiro e dezembro do ano passado, os incêndios consumiram mais de 1,9 milhão de hectares no Pantanal, segundo o MapBiomas Fogo. O impacto também foi sentido pelos apicultores da região, que perderam dezenas de colmeias e tiveram prejuízos superiores a R$ 200 mil. Gilberto Adão, apicultor e presidente da Cofenal (Associação dos Apicultores Mel do Pantanal), relata que a produção na região caiu mais de 75% e que a maioria dos apicultores teve colmeias queimadas em 2024. Diante desse cenário, muitos produtores estão desmotivados e repensam a permanência na atividade. "Vamos tentar encontrar outro lugar, mas é difícil porque o Pantanal foi muito atingido e os custos são altos demais", comenta Gilberto. Ele próprio teve um prejuízo de aproximadamente R$ 240 mil e perdeu três toneladas de mel devido aos incêndios do ano passado. Osmar Xavier Bandeira, apicultor e pescador em uma comunidade ribeirinha de Miranda, perdeu 35 colmeias para o fogo. Ele conta que todos os 12 integrantes da Associação de Apicultores e Meliponicultores Flor do Camalote, da qual faz parte, também foram afetados. "Só da minha parte, o prejuízo ultrapassa R$ 20 mil. Foram 35 colmeias. Cada colmeia sem abelha, apenas a caixa, custa R$ 380. Além disso, há a melgueira, a cera, e elas estavam em plena produção, com duas melgueiras cheias. Só o enxame vale R$ 180, então o custo total passa de R$ 500 por caixa", detalha Osmar. Os apicultores explicam que as colmeias ficam à beira dos rios e dependem das árvores, como o ingá, que oferecem sombra, evitam o superaquecimento dos favos e fornecem pasto apícola para as abelhas. Assim, a vegetação e os cursos d'água do Pantanal estão diretamente ligados à produção de mel na região. "Geralmente, a florada no Pantanal começa entre agosto e outubro. Mas o fogo veio justamente nesse período, causando grande perda na produção. Além de perder as caixas, tivemos uma safra muito baixa porque muitas árvores foram atingidas", explica Osmar. Na região de Miranda, o pescador Almir Barbosa também trabalhava com a produção de mel. Ele conta que, junto com o pai, percebeu a baixa presença de abelhas africanas nos rios e decidiu instalar colmeias às margens do Rio Aquidauana, próximas às áreas de proteção permanente, para estimular a polinização das árvores e garantir a produção de mel. No entanto, Almir buscou ajuda de entidades de proteção, mas não conseguiu apoio para adquirir novas colmeias. Em 2023, ele e o pai perderam 30 colmeias. No ano passado, o impacto foi ainda maior: 57 colmeias destruídas pelo fogo e um prejuízo estimado em R$ 30 mil. "A maior perda é a falta de abelhas para a polinização do meio ambiente. Restaram apenas 27 colmeias. As árvores que cobriam o Pantanal estão 80% mortas. Só podemos retirar as colmeias que sobraram, porque só eu e meu pai não conseguimos fazer mais nada para proteger o Pantanal", desabafa o pescador. Assim como Almir, outros apicultores também avaliam deixar o Pantanal. "Há três anos sofremos com as queimadas. Estou retirando muitas colmeias das áreas afetadas. Infelizmente, é uma região muito boa, com mel praticamente orgânico, pois não há lavoura ou pecuária por perto. Mas, com medo de novos incêndios, estou levando as colmeias para outro lugar", afirma Osmar. Sobre a prevenção, Gilberto Adão admite que a situação é complexa. Os produtores tomam medidas para proteger os apiários, mas, em 2024, o fogo foi "muito forte". Agora, a esperança é observar como a natureza irá se recuperar até o período das primeiras floradas silvestres. "O que nos resta é esperar e aguardar. Mas eu acredito muito na força da natureza do Pantanal", finaliza Gilberto. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .

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