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Cracolândia, Nhanhá teve 'campinho da morte' e agora jorra disputa de tráfico

"Nem sempre foi assim.

Por Propaga News em 05/02/2025 às 07:23:17

"Nem sempre foi assim. Era pior". A fala retrata a realidade da Vila Nhanhá, a "cracolândia" de Campo Grande, cenário de recentes execuções a tiros na disputa de território para o tráfico de drogas. O bairro, inclusive, teve até uma região que foi chamada pelos moradores de campinho da morte. "Matava direto, era dois, três, por dia", diz um comerciante. Segundo a própria polícia, a Nhanhá pede socorro. Apesar de tentativa de pacificação pela polícia, em agosto de 2011, a Vila Nhanhá nunca foi tranquila e com o passar dos anos, acabou se tornando um dos pontos mais violentos de Campo Grande. "Moro há 45 anos aqui e toda vida foi assim, o sistema é o mesmo", diz o comerciante que conversou com o Campo Grande News e pediu para ter o nome preservado por medo de represálias. E é justamente o medo que impera na região e, com muito custo, a reportagem conseguiu entrevistar moradores. Sem muitos recursos, na marra, eles precisaram aprender a conviver em meio a dezenas de usuários. "Eu não converso com esse povo, aqui na frente você não vai ver um noiado. Eu podia ter um comércio maior, mas se deixar a janela aberta, não posso tomar uma água, porque se eu deixar um copo aqui, levam embora". Para se ter noção, a campeã de vendas do mercadinho é a esponja de aço, utilizada pelos dependentes químicos no uso de drogas. "O que mais vende aqui é bombril, é o dia inteiro". Para o comerciante, a Nhanhá se tornou ponto de referência quando o assunto é droga. "Se alguém chegar no centro da cidade perguntando onde tem droga, vão falar que é na Nhanhá. Tem em toda a cidade, mas aqui é referência", afirma o morador. Outro vizinho, idoso de 81 anos, comenta: "Eu acho que falta administração para limpar esse povo daqui, não adianta. Nem eu, nem ele, ninguém. Não pode falar, tem que ficar quieto". Mas, quem são? Investigação da Denar (Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico) aponta que a região é dominada por traficantes de "médio porte". Um deles era Elpídio da Silva Santos, 36 anos, assassinado com 14 tiros no domingo (2). Dinho, como era chamado, integrava o PCC (Primeiro Comando da Capital) e era um dos líderes do tráfico na Nhanhá. Outra execução ligada a essa disputa é a de Filipe de Augusto de Brito Correa, de 31 anos. O rapaz foi assassinado dentro de uma oficina de motos, na Vila São Jorge da Lagoa, região do Jardim Tijuca, na Capital. "Eles pegam pontos e se instalam, dominam aquela região, porque acaba sendo lucrativo para facções. Sem sombra de duvida essas mortes ocorreram pelo território, pelo domínio do tráfico entre eles mesmos", afirma o delegado Hoffman D'Ávila, titular da Denar. Ao Campo Grande News , Hoffman explicou que a Segurança Pública tem aumentado ações repressivas naquela região. Ele explica que os usuários se concentram justamente ali por conta da facilidade do acesso às drogas. "Se tornou um ponto conhecido, da mesma forma que há nas grandes metrópoles, como São Paulo e Rio de Janeiro, Campo Grande tem a Nhanhá como referencia nesse sentido". Em consequência, outros crimes acabam aumentando. "Para sustentar esse vício, ele começa a cometer delitos, principalmente contra o patrimônio, como furtos de fios e roubos. Acaba a droga, eles vão cometer pequenos delitos na região". Uma das dificuldades, para o delegado, é o olhar mais pedagógico da legislação com os usuários. "Não há mais hoje a privação da liberdade. A depender da quantidade [de droga] resta apenas uma infração de cunho administrativo. Então, ele volta para a rua, para o mesmo lugar". Para a polícia, não basta apenas combater o crime, mas outra batalha precisa ser travada, a questão social. "Quando você olha para a Nhanhá você vê o tráfico doméstico, o tráfico formiguinha, e também uma serie de pessoas que são dependentes químicas, que vivem nas ruas e ficam a mercê da droga dia e noite. A pessoa não tem para onde ir, não tem família, não tem trabalho, fica a mercê do vício", diz o delegado Hoffman D'Ávila. "Os usuários são questão de saúde pública. Nós precisamos de atuação de outros órgãos do estado. Nós não podemos conduzi-los coercitivamente, tirar o usuário de lá, levar para um abrigo, uma clínica. Ele tem que querer e as forças policiais precisam dessa política pública para que possamos imprimir um resultado mais duradouro", finaliza. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.

Fonte: Campo grande News

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