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Campo grande

Vera fez peruca com próprio cabelo enquanto enfrentava medo da morte

"Achei que eu não fosse aguentar, achei que eu ia morrer".


"Achei que eu não fosse aguentar, achei que eu ia morrer". Há três anos, Vera Lúcia Correia, a Veralú, foi diagnosticada com câncer de mama durante ação do Outubro Rosa e se viu precisando mudar toda a vida. Cabeleireira durante 20 anos, a empresária decidiu usar seu próprio cabelo para fazer a peruca e, no caminho, ainda criou um grupo de mulheres que se apoiam durante a doença. Fazem dois anos desde a última sessão de quimioterapia, mas os exames e remédios continuam sendo parte de sua rotina. Lá atrás, a paixão de Vera era cuidar de cabelos, incluindo do seu próprio. O problema é que o câncer veio e, em questão de semanas, o orgulho dos fios precisou se tornar fonte de força para resistir, como ela explica. Hoje, ela é a líder do grupo "As Vencedoras", que reúne mais de 70 mulheres que enfrentaram e seguem lidando com o diagnóstico. Indo além de um espaço para se falar sobre o câncer, a conexão entre eles serve como uma rede de apoio até para angariar renda. Mas, antes de criar o grupo, a empresária foi diagnosticada com dois nódulos. Com o cenário agravado, foram necessárias 16 sessões de quimioterapia, 15 de radioterapia e cirurgia para retirada de quadrante, ou seja, parte da mama. Esse período foi muito difícil porque eu era cabeleireira há 20 anos, tinha um renome e atendia no meu ritmo. Eu até continuei por um tempo, mas um dos procedimentos gera muito inchaço no braço e aí já não tinha mais como", descreve. Foi a partir dessa impossibilidade de continuar seguindo sua antiga história que Vera precisou começar a se reinventar e deixar a profissão que tanto gostava. Hoje, pensando sobre todas as etapas que viveu com o câncer, ela garante que o tratamento é realmente a parte mais dolorosa. Sobre o seu caso, a dor também veio ao começar a perder a característica que se vinculava tanto com sua profissão quanto com sua autoestima pessoal: o cabelo. "O câncer em si não é nada em relação ao tratamento, você não sente dor e até por isso é difícil de descobrir, ele não te avisa e você só sabe se faz acompanhamento médico. O tratamento é doloroso demais, ele que é difícil". Na época, seu cabelo era enorme e, por se identificar tanto com ele, Vera decidiu que os fios caídos não iriam para o lixo. Foi assim que decidiu fazer sua peruca. "Eu não conseguia ficar careca porque não queria mostrar para os meus filhos a parte mais difícil e eu achava que ia morrer. Para ter ideia, não foi só o meu cabelo que caiu, minhas unhas também e eu sofria demais". Durante o processo da queda, Vera descobriu que não iria raspar o cabelo. Inclusive, essa é uma dica que segue dando hoje. Por conhecer sobre o tema e fazer testes em si mesma, ela relata que raspar gera ainda mais dores. Segundo a antiga cabeleireira, a queda do cabelo é acompanhada de uma dor enquanto ele vai "descolando". "Ainda bem que entendo de cabelo porque muitas pessoas acham que ele cai e não é doloroso. Mas dói muito essa queda enquanto ele descola. O que eu fiz foi passar a massagear o couro cabeludo para ele realmente sair e eu não sentir dor". A dica, no caso, é cortar o máximo que puder e iniciar as massagens. "Eu raspei em um pequeno pedaço para testar e dói ainda mais quando ele tenta crescer. Senti como se fossem pequenas agulhas". As Vitoriosas Cada etapa do tratamento envolve muita dor, como relata Vera, e compartilhar esses momentos passou a integrar a caminhada. "Foi assim que eu criei o grupo para falar com amigas sobre os sintomas, o que elas faziam, mas começamos a ver que parte delas iam para a quimio sem nem ter o que comer". Diferente de Veralú que tinha uma rede de apoio familiar, muitas das mulheres estavam realmente sozinhas. Entre os exemplos que já viu nesses anos, ela cita maridos que abandonaram as esposas assim que souberam do diagnóstico. E, por não conseguirem trabalhar ao ficarem fragilizadas, a renda deixou de existir. Vera relata que muitas também não conseguiram auxílio governamental e, por isso, o jeito é encontrar ajuda com quem entende a situação. "Começamos a criar rifas, fazer gincanas para levantarmos dinheiro e pagarmos até Uber para irem até a quimio. É um grupo em que nos ajudamos, somos em 70 mulheres e vamos conversando sobre as necessidades". No seu próprio caso, ela diz que o grupo fez toda a diferença para lidar com as dores do cotidiano, mas que a rede de apoio se expande cada vez mais. Inclusive para alertar mulheres em geral sobre a necessidade do acompanhamento médico preventivo. Exemplo é que na semana passada, elas fizeram uma blitz para tratar sobre o tema. E, para quem quiser acompanhar o grupo ou integrá-lo, o perfil no Instagram é @vencedoras_vencedoras. Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial , Facebook e Twitter . Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui) . Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News .

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